Um relatório recém-divulgado afirma que as mudanças climáticas poderão
fazer das bananas uma fonte alimentar crucial para milhões de pessoas.
A conclusão é parte de um relatório elaborado pelo Grupo Consultor de
Pesquisas Agrícolas Internacionais (CGIAR, na sigla em inglês), uma entidade
que reúne pesquisadores de todo o mundo e que visa reduzir a pobreza rural,
aumentar a segurança alimentar e melhorar a saúde e a nutrição humana, fazendo
uso de um gerencialmento sustentável de recursos naturais.
De acordo com o CGIAR, a fruta poderá vir a substituir a batata em
alguns países em desenvolvimento. Atendendo a um pedido do Comitê da ONU para
Segurança Alimentar, especialistas analisaram os efeitos de mudanças climáticas
em 22 das mais importantes commodities agrícolas mundiais.
Eles preveem uma queda na produção de batata, arroz e trigo - três dos
produtos agrícolas que mais oferecem fontes de calorias. Eles afirmam que o
cultivo de batata, que cresce melhor em climas temperados, poderá sofrer com
aumentos de temperatura e mudanças climáticas.
Os autores afirmam no relatório que estas mudanças poderão oferecer
''uma oportunidade para o cultivo de certas variedades de bananas'' em regiões
de altitude mais elevada, até mesmo nos locais em que atualmente batatas são
cultivadas.
Opção
''Não é necessariamente uma fórmula mágica, mas haverá regiões em que, à medida em que as temperaturas forem aumentando, as bananas poderão ser um opção para os pequenos agricultores'', disse, em entrevista à BBC, Philip Thornton, um dos autores envolvidos no estudo.
''Não é necessariamente uma fórmula mágica, mas haverá regiões em que, à medida em que as temperaturas forem aumentando, as bananas poderão ser um opção para os pequenos agricultores'', disse, em entrevista à BBC, Philip Thornton, um dos autores envolvidos no estudo.
O documento afirma que o trigo fornece a mais importante proteína e
fonte de caloria derivada de um vegetal. Mas acrescentou que o cereal
enfrentará dificuldades no mundo emergente, onde preços de algodão, mandioca e
soja jogaram o trigo para terras agrícolas mais pobres, o que pode fazer com
que o produto esteja mais vulnerável a problemas ligados às mudanças
climáticas.
Um possível substituto, especialmente no sul da Ásia, poderia ser a
mandioca, que é mais resistente a climas mais intensos. Mas quão fácil será
fazer com que consumidores se adaptem a novos alimentos e novas dietas?
Bruce Campbell, o diretor do Programa de Mudanças Cimáticas, Agricultura
e Segurança Alimentar (CCAFS, na sigla em inglês) disse à BBC que as mudanças
que estão ocorrendo agora já se deram também no passado.
''Há duas décadas não havia quase qualquer consumo de arroz em certas
partes da África, agora existe. Os hábitos das pessoas mudaram devido ao preço.
É mais fácil adquirir arroz, é mais fácil de cozinhar. Eu creio que mudanças
acontecem normalmente e elas acontecerão no futuro'', disse.
Uma das principais preocupações dos pesquisadores é como obter fontes de
proteínas que compõem a dieta alimentar. Soja é uma das principais fontes de
proteína, mas ela é suscetível às mudanças climáticas.
Cientistas afirmam que o feijão fradinho, conhecido na África
subsaariana como ''carne de pobre'' é resistente a secas e se adapta melhor a
climas quentes e, portanto, poderia ser uma boa alternativa à soja. Folhas de
feijão também podem ser usadas como alimento para gado.
Em alguns países, como a Nigéria e o Níger, fazendeiros já estão
trocando a produção de algodão pela de feijão fradinho. De acordo com o estudo,
é provável que também se deem nos próximos anos avanços na produção de fontes
de proteína animal, como uma transição para uma pecuária extensiva para a
intensiva.
''Isso é um exemplo de algo que já está acontecendo. Houve uma grande
transição de criação de gado bovino para a criação de cabras no sul da África,
algo que ocorreu em decorrência das secas. Quando fazendeiros percebem que há
problemas em suas produções, eles realmente se dispõem a mudar. A mudança é realmente
possível, não é apenas uma ideia louca'', disse Campbell.
Fonte:
Agência da Notícia com BBC
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