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sábado, 29 de novembro de 2014

Irmãos de ministro depõem à PF e negam envolvimento em fraudes

Os pecuaristas Odair e Milton Geller, irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, presos durante a Operação Terra Prometida, negaram em depoimento à Polícia Federal qualquer envolvimento com um esquema de fraudes em lotes da União destinados à reforma agrária. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e passaram a noite de quinta-feira na cadeia. Nesta sexta, eles prestaram depoimento ao delegado Hércules Ferreira Sodré, responsável pelas investigações, no Centro de Custódia de Cuiabá, onde estão presos.

De acordo com o delegado, os irmãos Geller alegaram que não são proprietários dos 15 lotes de um assentamento no município de Itanhangá, a 447 km da capital, conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF). As terras seriam exploradas para monoculturas, como de soja e de milho. Durante a operação, deflagrada nesta quinta, policiais federais foram até as casas deles, em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, a 269 e 360 km da capital, porém, os pecuaristas não estavam. Na casa de Odair Geller, em Lucas do Rio Verde, foram apreendidos documentos.

Em depoimento, os irmãos também negaram o suposto envolvimento do Ministro da Agricultura, Neri Geller, na apropriação de lotes da União. O nome do ministro foi citado durante a investigação, conforme o Ministério Público Federal, por testemunhas que disseram que ele seria proprietário de lotes no assentamento. Dessa forma, o processo foi desmembrado e remetido para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou, por meio de nota, que o ministro Neri Geller não foi arrolado na “Operação Terra Prometida”. Ainda de acordo com o órgão, Geller lamentou a presença de familiares entre os investigados e disse não acreditar na participação dos mesmos em qualquer irregularidade. Afirmou também que não tem associação jurídica ou outro tipo de sociedade com os envolvidos no processo.

O delegado federal informou que Odair e Milton Geller foram indiciados pelos crimes de invasão de terras, estelionato majorado, formação de quadrilha e crimes ambientais. O advogado Murilo Freire, que atua na defesa dos irmãos Geller, disse que seus clientes estão convictos de que a acusação é injusta e que nunca exploraram terras da União.

A operação Terra Prometida combate crimes de corrupção, fraudes, invasão de terras públicas e crimes ambientais. Ao todo, a Justiça Federal expediu 52 mandados judiciais de prisão, 146 mandados de busca e apreensão e 29 de medidas proibitivas. Além de Cuiabá e outras nove cidades de Mato Grosso, os mandados foram expedidos para cumprimento em cidades nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Grupos

Conforme a denúncia apresentada pelo MPF à Justiça Federal, a quadrilha se divide em pelo menos quatro núcleos. O primeiro seria formado por fazendeiros e empresários que, por sua vez, estariam subdivididos entre “liderança” (com 14 pessoas) e “segundo escalão” (com 62 pessoas). O segundo núcleo seria formado por quatro sindicalistas (um deles também atuaria como integrante do primeiro núcleo). O terceiro núcleo seria de quatro servidores públicos. Já o quarto núcleo da organização criminosa consistiria em apenas uma pessoa, considerada “colaboradora”.


Odair e Milton Geller fariam parte do grupo do primeiro núcleo da quadrilha, composto por empresários e fazendeiros. Porém, no 'segundo escalão'. Não estão entre os líderes da organização. Confome a PF, o esquema era operado, basicamente, por pessoas ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhangá e ao serviço social da prefeitura municipal daquele município, que elaboravam listas com nomes de 'laranjas' que, em nome de fazendeiros, falsificavam 'cartas de desistência' e declaração de aptidão ao Incra.


Depois disso, servidores do Incra faziam uma vistoria fictícia para comprovar a posse dos 'laranjas', que após cadastrados no sistema do órgão, eram homologados e emitidos na posse. Entretanto, quando o documento do Incra era emitido, o fazendeiro já estava ocupando e produzindo nas parcelas reconcentradas. A estimativa da PF é de que 80 fazendeiros tenham ocupado cerca de mil lotes da União. Um deles teria obtido 55 lotes e regularizado essas áreas com o apoio de servidores. O grupo de latifundiários teria usado da influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar outros pessoas para obter lotes.

Kelly MartinsDo G1 MT

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