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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Produtores apelam para ficar e prefeito desafia Governo a prender 7 mil

Ao som do Hino Nacional Brasileiro, centenas de alunos carregando cartazes e bandeiras do Brasil se posicionaram para receber as autoridades que participaram na manha desta quinta-feira, 22.11, da vistoria in loco a área da Gleba Suiá Missú, alvo de disputa entre produtores rurais e índios xavantes, no norte Araguaia. As crianças representaram as Escolas de Educação Básica Nova Suiá e Presidente Tancredo de Almeida Neves ambas de São Felix do Araguaia, e a Escola Municipal Infantil e Fundamental Boa Esperança de Alto Boa Vista. No manifesto, faixas e cartazes com pedidos de justiça e apelos pela permanência das famílias no local que ocupam há mais de 30 anos.

O prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro foi um dos mais enfáticos: protestou contra o que chamou de arbitrariedade com que as famílias estão sendo tratadas e fez um desafio latente: “Quero que o governo decrete a prisão das 7 mil pessoas que moram aqui, só assim teremos como tratar dessas pessoas, porque dentro da cadeia o Governo é obrigado a dar café, almoço, janta e um teto”, desabafou.

Conforme o cronograma, as autoridades desembarcaram às 8h30 na pista de pouso, dentro do distrito, de onde decolaram para a vistoria da aérea. No reconhecimento, as autoridades sobrevoaram a área da Suiá Missú, observaram a produção cultivada pelos produtores e as benfeitorias instaladas no local. No sobrevoo, os parlamentares acompanhados da Procuradora Regional Federal da Advocacia Geral da União, Adriana Maia Venturini, fizeram questão de percorrer a área do Parque Estadual do Araguaia, ofertado pelo Governo de Mato Grosso em permuta para o deslocamento dos indígenas.

Concluída a vistoria, as autoridades se reuniram com as mais de 4,5 mil pessoas que aguardavam pelo encontro. Os trabalhos foram dirigidos pelo coordenador da Comissão Externa Federal deputado Wellington Fagundes (PR) e pelo coordenador da Comissão Externa Estadual deputado Baiano Filho (PMDB). As discussões tiveram início com o desabafo do presidente da APROSUM Renato Teodoro que questionou a presença da Policia Federal e de tropas do Exército na gleba.

“Aqui nós temos famílias trabalhadoras, mandar destacamento do exército com armas, armas para quem, para trabalhadores; aqui o governo federal nunca deu uma cesta básica, nunca chegou um PRONAF, o programa luz para todos não chega até aqui, aqui quem faz é o povo; o estatuto da criança e do idoso não se aplica a nós, aqui somos desrespeitados, estamos pedindo clemência”, categorizou Renato.

O presidente da Famato, Rui Prado hipotecou o apoio da federação aos produtores da Suiá Missú e cobrou a aprovação da PEC 215 que garante autonomia ao Congresso Nacional para legislar sobre a demarcação das terras indígenas.

Segundo a procuradora Regional Federal da Advocacia Geral da União, Adriana Maia Venturini, era forte a necessidade do Governo Federal em conhecer in loco o local da disputa. “Tínhamos muitas informações fornecidas pelo Ibama, Funai, Incra, Governo de Mato Grosso mas precisávamos ver de perto, então sobrevoamos a área da gleba e o parque ofertado para a permuta e retornaremos com esse relatório para a presidência”, afirmou a procuradora.

Para o deputado Federal Nilson Leitão (PSDB) a Funai é responsável por incitar a discórdia entre indígenas e produtores. “Enquanto não trabalharmos a regularização fundiária vamos continuar nas mãos da Funai , nessas terras nunca foi registrado um único conflito a convivência entre índios e brancos aqui sempre foi pacifica até a Funai trazer a discórdia, e é o depoimento desses caciques que fazemos questão de levar até a presidente da Funai”, concluiu Leitão.

O deputado Estadual Baiano Filho agradeceu o apoio da bancada federal, dos deputados estaduais e em especial a dedicação do deputado José Riva e o empenho do governador Silval Barbosa. “Já fomos onde era possível e impossível na defesa dos produtores, trabalhamos para mostrar a veracidade dos fatos, mas sua presença aqui no Araguaia é muito importante, pois é você quem vai voltar para a presidência da república será a porta voz das famílias que aqui produzem, e depois de ver a união da classe política por essa gente, peço aos moradores que permaneçam em suas propriedades mas que o façam com muita disciplina e cabeça fria”, frisou Baiano.

Encerrando o encontro, o deputado Federal Wellington Fagundes fez um apelo aos moradores do Posto da Mata para deixem suas paixões políticas de lado e que se unam em prol de um bem maior. “Agora nossa paixão não é política, nossa paixão é garantir o sossego da nossa gente, aqui não tem mais bandeira política somos um só, continuem resistindo com serenidade e confiantes, e peço aos prefeitos da região que se mobilizem conosco”, concluiu Wellington.

Nayara Martins | em colaboração

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