O Instituto Butantã, em parceria com
a Universidade de São Paulo (USP), inicia em outubro os testes em seres humanos
de uma vacina contra a dengue. A vacina está sendo desenvolvida para combater, em
uma única dose, os quatro tipos da doença já identificados no mundo. Segundo
Alexander Precioso, diretor de Ensaios Clínicos do Butantã, nenhum outro país
tem uma vacina como essa.
A vacina começou a ser
desenvolvida em 2006, juntamente com os institutos nacionais de Saúde dos
Estados Unidos. Os vírus foram identificados no país norte-americano e,
posteriormente, transferidos para o Butantã, em 2010.
A técnica utiliza o chamado vírus
atenuado. “Isso ignifica que o próprio vírus da dengue é modificado para que
seja capaz de fazer com que as pessoas produzam anticorpos, mas sem desenvolver
a doença”, explicou Precioso.
Os cientistas já testaram a vacina em
mais de 600 norte-americanos. “Os estudos lá mostraram que é uma vacina segura
e que foi capaz de fazer com que as pessoas produzissem anticorpos contras os
quatro vírus”, disse ele. O pesquisador explicou ainda que, nesses voluntários,
não foram observados efeitos colaterais importantes, apenas dor e vermelhidão
no local da aplicação, sensação comum para vacinas.
Porém, como os Estados Unidos não são
uma região endêmica para a dengue, nenhum voluntário que recebeu a imunização
havia contraído a doença antes. No Brasil, os testes vão envolver também
pessoas que já tiveram dengue.
O cientista disse que, com base em
estudos publicados no Sudoeste Asiático e nos Estados Unidos, pacientes com
histórico de dengue poderão receber a imunização sem risco à saúde. “No
início do desenvolvimento da vacina lá [nos Estados Unidos], algumas pessoas
receberam vacina monovalente, só de um tipo, e depois outra dose de um vírus
diferente, para ver se quem já tinha o passado de dengue correria risco”,
explicou.
Em uma primeira etapa dos testes
brasileiros, que começam nesta semana, serão recrutados 50 voluntários da
capital paulista, todos adultos saudáveis e que nunca tiveram dengue, com idade
entre 18 e 59 anos, de ambos os sexos. Eles vão ser imunizados em duas doses,
com intervalo de seis meses entre elas.
A próxima etapa vai incluir pessoas
com histórico de dengue e a vacina será aplicada em dose única. Serão 250
voluntários da capital paulista e da cidade de Ribeirão Preto, no interior do
estado.
“Nós trabalhamos com a hipótese de
que ela [vacina] será trabalhada em uma dose, mas nos primeiros 50 voluntários
serão duas doses”, disse Precioso.“Os resultados de lá [Estados Unidos]
demonstraram que a vacina já atua apenas com uma dose. Como ela vai ser, pela
primeira vez, utilizada em uma região endêmica de dengue, vamos avaliar os dois
esquemas [uma ou duas doses] e os dois tipos de população [já tiveram ou nunca
tiveram dengue]”, acrescentou.
A terceira e última fase vai recrutar
pessoas de diversas partes do país, de várias idades. “Ela vai gerar o
resultado de que nós precisamos para solicitar o registro na Anvisa e, a partir
daí, a vacina estará disponível”. A previsão dos pesquisadores é de que a
vacina chegue à população em cinco anos.
Por:
Agência Brasil
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