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Foto: Jardel Patrício Arruda |
Um tipo
ainda desconhecido de doenças se espalha dentro do distrito Estrela do Araguaia
(30 quilômetros de Alto Boa Vista), onde moradores da região resistem contra
uma operação de desintrusão de todos os não-índios da área, demarcada como
terra indígena em 1998, apesar de ainda correr na Justiça Federal um processo
que julgará a quem realmente pertence estas terras. Pelo menos 80 pessoas já
manifestaram os sintomas como febre alta, dores de cabeça, no corpo, tosse,
enjoo e infecções diversas, como de intestino e de ouvido. Os remédios estão
escassos, já tendo chegado a faltar na manhã de ontem. Entre as
suspeitas da origem desta doença, possivelmente um vírus, está a possibilidade
de ser algo que foi transmitido pelas bombas e gases utilizadas pelas forças de
desintrução no conflito de segunda (10). Muitos dos que estiveram no local, já
caíram doentes, bem como suas famílias. “Eu acho que é algo que tinha naquela
fumaça, no gás dos policiais. Todos que foram lá estão ficando doentes”, disse
Sueli Santana, 37, enfermeira há 20 anos. Já a outra atendente de saúde da
região aumenta o leque de possibilidades. “É difícil dizer o que é. Pode ser
algo naquelas bombas, pode ser a água, tem muita coisa”, disse Matiana Garcia,
27, enfermeira do Ministério da Sáude.
No caso de
Maria Matins Sandoval, 40, moradora de Posto da Mata há 14 anos e que esteve no
confronto entre os produtores rurais contra as forças policiais, juntamente com
seu marido, todas as cinco pessoas de sua casa estão doentes. “Meu marido está
ruim faz cinco dias. Depois foram minhas crianças e agora eu”. Ela esteve no
posto de saúde, construído pelos moradores da região a fim de tentar conseguir
remédios e relatou a dificuldade para tratar da saúde da família. “Está muito
difícil. Não tem em lugar nenhum. Não acha nem em farmácia”, disse a senhora.
Os dois únicos pontos de atendimento de saúde da cidade estão sempre atendendo.
Em um dos locais, até jornalistas que cobrem todo evento já foram atendidos.
Osmar Reis Mota, 31, que estava presente no conflito, começou a passar mal no
dia seguinte ao confronto. Desde então nem consegue se alimentar direito.
“Foram quatro dias de febre alta. Dor na cabeça, no corpo, em tudo. Teve dia
que tremi de bater o queixo e dormir com jaqueta”. Por enquanto chegaram algumas
doações de remédios, mas ainda são poucos, segundo as duas agentes de saúde.
Ambas já solicitaram que fossem feitos apelos para a doação de medicamentos
para o Posto da Mata.
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