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terça-feira, 25 de novembro de 2014

MT é o 2º maior emissor de gases de efeito estufa

Mato Grosso é o segundo estado brasileiro que mais contribuiu para o aumento do efeito estufa durante o ano de 2013. Conforme levantamento realizado pelo segundo ano consecutivo pelo Observatório do Clima, por meio do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estuda (SEEG 2.0) - Edição 2014, divulgado na última semana, o Estado foi responsável pela emissão de 147,7 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2), ficando atrás apenas do Pará, que emitiu 175,8 mil toneladas do mesmo gás.
São Paulo (133,7 mil), Minas Gerais (117,1 mil) e Rio Grande do Sul (92,8 mil) também fazem parte do topo da lista. As emissões brasileiras atingiram 1,57 bilhão de toneladas de CO2 em 2013, o que representa um aumento de 7,8% em relação ao ano de 2012, e o maior valor desde 2008.
Em comparação ao ano anterior, Mato Grosso apresentou um aumento de 18,8% na liberação do gás tóxico. Dentre os setores que mais contribuíram para a elevação do efeito estufa no Estado estão as mudanças de uso da terra e a agropecuária. Juntos, os setores somam 92,4% do total de CO2 emitido durante todo o ano passado.
Professor de pós-graduação nas Universidades Federal de Mato Grosso (UFMT) e de Cuiabá (Unic), Osvaldo Borges Pinto Junior explica que as mudanças de uso da terra podem ser consideradas todas e quaisquer mudanças realizadas pelo homem junto às paisagens. Exemplo disso é a devastação de uma parte da Floresta Amazônica para que a mesma seja transformada em pastagem ou área para plantação. Outras interferências, que também estão presentes no setor, são as queimadas e desmatamento. “Em Mato Grosso, na maioria dos casos de mudança de uso da terra há a presença do fogo. Isso contribuiu ainda mais para a concentração de CO2 na terra, o que, consequentemente, aumenta o efeito estufa”, explicou.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que em 2013 Mato Grosso registrou 101,4 mil focos de calor, sendo considerado o estado brasileiro com o maior número de ocorrências. No país, entre 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano passado foram contabilizados 513,9 mil focos, o que revela que o Estado foi o responsável por 20% dos casos ocorridos no país. Também somaram focos de calor os estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia e Piauí.
Conforme relatório do Observatório do Clima, as mudanças de uso da terra em Mato Grosso resultaram na eliminação de 87,7 mil toneladas de CO2 durante o ano de 2013. Mesmo sendo o fogo um dos principais vilões, Osvaldo Borges afirma que há ainda outras ações que também interferem no aumento do efeito estufa, como é o caso do tratamento dado à terra e ainda a quantidade de solos alagados no mundo. “São fatores que também contribuem para a concentração do dióxido de carbono”.
Conceito - Considerado um evento natural, o efeito estufa não pode ser apenas classificado como um fator ruim para o meio ambiente e demais seres. De acordo com Osvaldo Borges, o mesmo pode ser comparado a um “cobertor” que protege a atmosfera. Ele informa que é necessário que exista esta “capa protetora” para que a temperatura fique equilibrada. “O fato é que quanto mais se aumenta este ‘cobertor’, a temperatura acaba ficando ainda maior. Tal situação reflete em malefícios para a fauna, flora e seres humanos”.
Dentre os pontos negativos do aumento do efeito estufa está a elevação da temperatura. Segundo Borges, este fator contribuiu para a ameaças de espécies animais e inclusive extinção das mesmas. O estudioso ainda destaca que a elevação da temperatura também reflete na falta de água em determinados locais. “Com a temperatura alta, a tendência é que a evaporação da água seja maior. Isso reflete no aumento de chuvas em determinadas regiões e escassez de água em outras localidades, o que prova mais uma vez um desequilíbrio”.
Sobre a vegetação presente em Mato Grosso, o professor destaca que há estudos que revelam que determinadas áreas da Floresta Amazônica estão passando por processos de “savanização”, ou seja, perdendo as características de florestas e apresentando aspectos do bioma Cerrado.
Redução - Segundo o professor Osvaldo Borges, para que Mato Grosso consiga reduzir a quantidade de CO2 emitida é necessário diminuir, principalmente, as queimadas e desmatamentos. Ele reforça que ambas as ocorrências estão ligadas diretamente às mudanças de uso da terra e ao setor da pecuária e agricultura. “Para que essa redução seja realmente visível, é necessário investimento em ações a médio prazo”, comentou o estudioso.
Coordenador geral do Observatório do Clima, André Ferretti afirma que os dados do SEEG contribuem para o estabelecimento de um debate qualificado sobre políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas no Brasil. “Esse sistema de monitoramento anual é o primeiro passo para avaliarmos o status das emissões de gases do efeito estufa (GEEs) no Brasil. Após conhecer em quais setores ou regiões avançamos e em quais precisamos de ações mais urgentes, temos os subsídios adequados para ajudar a definir melhor as políticas públicas nacionais de adaptação ou mitigação às mudanças climáticas”, explica.

Outro lado - A Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT) foi procurada para comentar sobre as medidas adotadas para evitar os prejuízos ambientais, mas a assessoria de comunicação não atendeu as ligações.

Por: Gazeta Digital

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