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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Após ameaças, Dom Pedro volta para casa

Com o término do processo de desocupação da Terra Indígena de Marãiwatsédé, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, um dos maiores defensores dos Xavantes em Mato Grosso retornou para casa. Ameaçado de morte desde que o conflito entre índios e posseiros se intensificou, Dom Pedro Casaldáliga, de 84 anos, foi forçado a deixar São Félix do Araguaia, a 1.159 quilômetros de Cuiabá, na madrugada do dia 7 de dezembro escoltado pela Polícia Federal.

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), um grupo de posseiros enviou uma série de ameaças direcionada a Casaldáliga que dizia que ele ‘era o problema‘ e que ‘faria uma visita para ele‘. Segundo o secretário da Presidência da República, Nilton Tubino, a PF abriu um inquérito para apurar o caso. “Foi aberto um inquérito para tentar investigar a origem [ das ameaças]. Nesta terça-feira (8), o padre Paulo Santos, que vive com Casaldáliga há dois anos, afirmou ao G1 que o bispo não queria sair da cidade.

“Se dependesse dele não teríamos saído daqui. A Polícia Federal nos procurou dizendo que seria melhor que deixássemos a cidade. Depois que ele ouviu a Prelazia achou melhor tomar a decisão de deixar São Félix do Araguaia”, disse o religioso.

No dia 7 de dezembro, Casaldáliga e o padre Paulo Santos deixaram a residência do religioso escoltados por um agente da PF. Eles foram levados até o aeroporto da cidade. Em um voo fretado, Casaldáliga e o padre seguiram até Brasília.

No Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, os dois religiosos foram recebidos por outra equipe da Polícia Federal e levados para uma cidade do interior de Goiás que não foi revelada  pela Polícia Federal. O religioso aproveitou a permanência no estado vizinho para rever o amigo, também bispo emérito de Goiás, Dom Tomas Balduíno.

O G1 apurou que a saída do religioso de São Félix do Araguaia foi recomendada pela PF tanto pelas ameaças direcionadas a ele como também pela vulnerabilidade da residência em que ele vive. Um dos lemas da vida do religioso, adepto da Teologia da Libertação, foi o de ‘nada possuir’. A PF temia que a residência simples e sem muro facilitasse o acesso dos autores das ameaças até ele que sofre do ‘Mal de Parkinson’ e está com a saúde debilitada.

“A gente voltou no anonimato de forma bem tranquila para não criar expectativa em ninguém. Dom Pedro já esteve nas celebrações das missas. Todos avaliaram que era a hora de voltar e assim decidimos retornar”, disse o padre Paulo.

Ainda de acordo com o padre Paulo Santos, a residência de Casaldáliga continua sendo monitorada pela PF, uma vez que a desocupação de Marãiwatsédé não terminou. Sobre a conquista dos xavantes, o padre informou ao G1 que Dom Pedro está feliz com a notícia, mas que, no momento, prefere não se manifestar sobre o caso.

Casaldáliga se aposentou da igreja em 2005 e na Ditadura Militar (1964-1985) também foi ameaçado, perseguido e chegou a ser confundido com outro religioso que foi assassinado no lugar dele.

Do G1 MT

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